Dana que já havia passado dos 30, não era nenhuma menininha mais. Menininha dessas de 15 que sonha com um garoto perfeito, ou dessas de 22 que está acordando pra vida, apaixonando homens e escolhendo namorados. Não. Dana não se encaixava em nenhuma dessas.
Ela, uma mulher de fibra, que já havia amado, sonhado e quebrado a cara tantas vezes, só trazia consigo a certeza de que era linda. E se não tinha uma aliança dourada na mão esquerda ainda, era porque homem nenhum tivera a capacidade de ver em Dana o que ela própria via. Uma mulher linda.
Até que na fila do supermercado, Dana conheceu Carlos.
Depois de oito ou nove encontros, muitos telefonemas da parte de Dana e recados na secretária de Carlos, ela resolveu se olhar no espelho.
Viu a si própria enxugando as lágrimas daqueles olhos fundos. Estava com olheiras horríveis. Foi checar os e-mails.
Viu a si própria enxugando as lágrimas daqueles olhos fundos. Estava com olheiras horríveis. Foi checar os e-mails.
“ Hei Dana, espero que entenda querida. Não te quero mais, e espero não ter que dizer isso olhando em seus pobres olhos. Não me importo com você realmente e na verdade tanto faz o que você pensa de mim. Preciso de uma mulher com mais sofisticação, beleza e intelecto do que encontrei em você, afinal é grande a diferença entre uma que aprecia verdadeiramente um Chateau Pape Clement e que não se contenta apenas com um Crevelin encontrado no supermercado onde você compra seu absorvente.
Não precisa responder. Um abraço, Carlos Santhiago. “
Bom, era isso o que havia em sua caixa de entrada. Desligou a tela do computador e voltou ao espelho.
“Linda, é? Linda aonde ein? Onde ? Errei na cor do cabelo, errei no vinho e em que mais? Não sou linda o bastante, nem entendo de vinhos o bastante. LINDA AONDE?" pensava Dana.
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